terça-feira, 19 de julho de 2011

Roma

    Se quem tem boca vai a Roma, quem tem casamento da prima também. E dinheiro pra pagar a passagem, mas isso são outros quinhentos.
    Chegada na quinta à tarde no aeroporto Leonardo da Vinci, trem pra estação Termini e caminhadinha pra encontrar o Erich no hostel. Primeiro comentário: o cara que fala no alto-falante da estação tem o mesmo sotaque do Tony Ramos.
    O Erich já tinha feito um tour com o ônibus que dá voltinhas na cidade (e por sinal o tour mais caro da vida dele), portanto nos restava sair a pé à noite pra conhecer um pouco da cidade. Parada pra tomar um sorvete italiano (curiosamente só chamado de 'sorvete' pelos locais) e fomos pro Coliseu, onde tiramos a máquina fotográfica do bolso. Outra caminhadinha ao redor do centro antigo, parada pra pedir informações sobre a localização da Boca da Verdade, procurar a tal boca, não achar, procurar mais um pouco, desistir, cansar e parar pra comer pizza com vinho. Dali, voltamos pro Hostel, pois na sexta era dia de ir cedo pra Capalbio, onde seria o casamento.
    Dia seguinte rumamos Erich, Ana e eu à região da Toscana, província de Capalbio, região litorânea conhecida pelas praias destino da nata da sociedade romana, incluindo deputados, artistas, jogadores de futebol e magnatas da altíssima sociedade Italiana e, porque não, europeia e até mesmo universal da qual participa, inclusive, a bem-escolhida-pela-minha-prima família do Luca.
    O hotel era muito bom, com todo o povo lá alojado, no pé de um morro com plantações de oliveiras e parreiras. Enfim, mais italiano só se tivesse um forno de pizza gigante, um cara de camisa xadrez tocando acordeão e uma plantação de espaguete. Lá chegando, fomos dar um abraço no pessoal, ou seja, tias, primas, tio e vó pra matar a saudade. O sol (ou sole, como diz aquele povo) tava de rachar, o que foi a deixa pra colocarmos roupas adequadas e irmos pra piscina. Isso era umas 14h e o casamento era só às 18h, convenientemente em um castelo na subida do morro. Como disse, tudo muito europeu.
    Caronas arranjadas, fomos Ana e eu os últimos a embarcar pro casamento. No caminho de uns 20 minutos o italiano que dirigia deve ter falado 'mama mia' umas 300 vezes. Sem contar os gestos engraçados do cidadão. O carro, convenientemente, era alemão, porque italiano pode entender de comida, mas deixa a engenharia automotiva com que sabe.
    Ao chegar no local, parecia filme. Dava pra ver lá embaixo as oliveiras (pelo menos era o que devia ser... bergamoteira que não ia ser), o lugar deve ter sido erguido há uns 600 anos atrás, com ruazinhas estreitas e tudo de pedra. A princípio achei que todos perderiam o casamento por conta de ficar tirando foto de cada metro quadrado do lugar. Todos em seus lugares, entra o noivo, entra a noiva, entra o juiz, o juiz fala algumas coisas em italiano, muitas fotos, pessoas emocionadas, assinaturas, fotos, beijo, todos saem, chuva de arroz, fotos, confraternização, carona de volta pro hotel (onde eram a janta e a festa), mama mia mais umas 100 vezes, hotel, champanhe, vinho, banda tocando, coquetel com queijos e tudo o que tinha direito e janta, a qual merece um parágrafo exclusivo.
    Não contamos no relógio, mas deve ter sido umas 3 horas de janta. Esse povo leva a sério a janta, os italianos. De vinho eu perdi a conta. Pratos eu acho que foram uns 6. Entre cada prato o pessoal levantava, dava uma volta, is pra rua, ia pras outras mesas, tomava vinho e, na hora do próximo prato, voltavam pros seus lugares. Também não contamos o número de discursos, mas devem ter sido uns cinco. Um casal muito querido pelos amigos, a Alice e o Luca. Pelo menos era o que parecia, porque era tudo em italiano e, até ali, só estávamos fluentes no 'buona cera', 'grazie' e 'prego'. O Erich se aventurava um pouco mais e ensaiou um discurso, mas desistiu pois não sabia o que falar muito além de 'buona cera tutti-frutti' e achamos que aquilo podia deixar alguns meio brabos. Se fosse pra dar uma nota, eu daria 9.99, porque o 10 é a janta do meu casamento.
    Terminada a janta, voltamos pro gramado onde eram servidos mais vinhos e champanhes. Tudo muito bom, o lugar, o serviço e, principalmente, as pessoas. Pudemos matar a saudade de vó, da tia Iris, da tia Ricky, da tia Mônica, da Anice, da Aline, da Alice e do tio Evo. Pena que foi tão rápido. A galera mais jovem foi pra discoteca, mas os velhos aqui foram dormir. Sono tranquilo e pesado do cansaço e do vinho, só interrompido por uns minutos devido ao som estridente de vômito no banheiro da nossa 'casa' por parte de algum dos jovens que haviam ido à discoteca. A identidade do(a) mesmo(a) será preservada por motivos de gente-finagem da nossa parte. Mas que seja documentado que o Erich estava em uma 'casa' diferente.
    Dia seguinte tínhamos que ir embora, então fomos. Não muito cedo, pois queríamos ainda aproveitar pra ficar com o pessoal, mas também não tão tarde, pois queríamos conhecer Roma melhor. Tchau pra cá, tchau pra lá e voltamos pra Roma lá pelas 15h. Dessa vez pegamos o ônibus do tour e descemos perto do Vaticano, onde era nosso outro hostel. Deixamos as coisas e voltamos a pegar o ônibus pra dar mais voltas, o que incluiu praticamente toda a cidade, como o Panteão, Fontana de Trevi, Praça Navona, Praça di Fiori e mais uma penca de lugar muito massa que eu esqeuci o nome. Jantamos na Praça Navona, o que significativamente arrombou o orçamento, demos uma volta pela noite romana e voltamos pro hostel, pois domingo era dia de ir embora e deixaríamos pra ver o Vaticano pela manhã. O que não aconteceu, pois o maldito não abre aos domingos, o que simplesmente não faz sentido. Se soubéssemos disso antes, pelo menos a Ana tinha saído de short ao invés de calça naquele dia, pois o calor tava de rachar. É que não pode entrar nos lugares lá no Vaticano em trajes 'indecentes'. Mas eles são tão legais que eles te alugam uns panos pra cobrir as partes expostas caso necessite.
    Trem, aeroporto, todos apertem seus cintos e estávamos de volta a Düsseldorf.
    O resumo é de que não podia ter sido melhor. A cidade de Roma é muito bonita, muito mesmo. Vale a pena demais conhecer aquele lugar. Se vale. Matamos (meio que nas coxa, mas o tempo era curto) a saudade de um monte de gente e demos várias risadas (o que é a tendência quando se está com pessoas tão inteligentes, espirituosas e bem-humoradas como nós).
    Cidade nota 10, casamento nota 200, parceria nota 400 e cansaço nota 1 zilhão. Mas tudo valeu pena.
































domingo, 10 de julho de 2011

Brasilien x Australien

    Dia 29/06 fomos Ana e eu assistir ao jogo do Brasil contra Austrália, na cidade de Mönchengladbach (não, a gente também não consegue pronunciar isto) pela copa do mundo de futebol feminino, que neste ano acontece na Alemanha.
    Organização de primeira, estádio de primeira, cerveja de primeira, futebol de segunda. Nada contra futebol feminino, mas não dá pra comparar. E essa historinha de que a Marta jogaria em qualquer time da primeira divisão do masculino é pura balela. A mulher é boa, mas não percamos a noção.
    1) Organização de primeira: compramos os ingressos pela internet e, 4 dias depois, os recebemos em casa, pelo correio. No dia da partida, quem tem ingresso não paga transporte público dentro do estado onde é o jogo. Os lugares são marcados e, mesmo sendo meio complicado de achar, lá dentro os carinhas te mostram onde é o teu lugar. Chegando na estação de trem da cidade, há ônibus de minuto em minuto de graça até o estádio. No fim do jogo, a mesma coisa. Três minutos de fila, mais 10 de viagem e se está de volta à estação.
    2) Estádio de primeira: cadeira pra todo mundo sentar, arquibancada perto do campo, bares por tudo, banheiros também.
    3) Cerveja de primeira: cerveja alemã.
    4) Futebol de segunda: 1 a 0 pro Brasil, gol da Rosana. A imprensa aqui considera o Brasil como a grande favorita, mas pelo que vimos, tá difícil. Foi o 1º jogo, ok, mas tem muito o que melhorar... Destaque pro Pereirão, nossa capitã dona da camisa 4. Deu pau até na sombra. Ah, e a Marta não jogou nada.
    Alemão não sabe torcer. Era meio do segundo tempo e a torcida tava mais preocupada cantando musiquinhas pro carinha que vendia sorvete do que com o jogo em si. A ola então, era de 5 em 5 minutos, um saco. Ah, e sem contar que o fato de o Brasil jogar de azul e a Austrália de amarelo confundiu 80% do público leigo, pois se via uma galera com camisetas do Brasil vaiando as jogadoras de azul e fazendo 'uuhhhh' quando o de amarelo chutava uma em gol. Foi lá pelo meio do 1º tempo que a ficha caiu na cabeça da alemãozada.
    No fim das contas foi muito legal. Pudemos matar um pouco da saudade do Brasil, cantar o hino, comemorar bastante o gol e rir das pessoas. Valeu muito a pena.