quinta-feira, 28 de abril de 2011

Edimburgo

     Neste feriadão da Páscoa fomos pra Escócia. Na Europa inteira o feriado é de sexta a segunda, então fomos na sexta à noite em direção à cidade de Edimburgo. O propósito era de ir às Highlands (terra do lendário Highlander), visitar o Lago Ness e passear. Os três objetivos foram alcançados com êxito. Logo na chegada, pela primeira vez, notamos uma grande vantagem em se ter passaporte brasileiro: a gente entra na fila dos chinelões (não componentes da UE) e passa sem qualquer fila. Depois de uma breve demonstração de 'você não é bem-vindo aqui, mas somos obrigados a te deixar entrar' por parte do fiscal alfandegário, pegamos o ônibus que levava pra perto do albergue. O sotaque da mulher que fala as estações do ônibus tornava o inglês dela totalmente incompreensível, mas como a nossa era o final da linha, não precisamos nos preocupar. Em 10 minutos estávamos no nosso quarto, prontos para ir para algum pub comer e tomar alguma coisa.
    Eram quase meia-noite e por lá, depois das 22h, é praticamente impossível enccontrar algo que ainda sirva comida. Jantamos cerveja. Às 0:45 soa um sino que indica que os fanfarrões só têm mais 30 minutos de alegria, pois a partir daí, a luz acende, a música para e o bar fecha. Às 1:00 soa o segundo sino e o desespero é geral. Só mais 15 minutos de álcool. Pegamos a sobremesa (Guinness e Jack Daniels) e fechamos o bar.
    Dia seguinte foi dia de castelo (mais um pra lista). Muito bonito o castelo de Edimburgo, por sinal, assim como todo o resto da cidade e do centro. Tudo bem velho e cinza, mas um velho e cinza bonito. O tempo, pra variar era de neblina e chuva fraca, o que parece ser padrão por lá. Depois de um breve desencontro relativo a diferentes filiais do Starbucks ao longo da mesma avenida, encontramos o Erich (mais o Hélio e a Érica) e fomos pra (ou tentamos ir pra) Aberfoyle. Ao que parece, usar o GPS da Nokia no centro de uma grande cidade com ruas apertadas não é a melhor ideia pra tentar se sair de tal cidade, mas nada que 45 minutos não sejam o suficiente. E lá estávamos, na estrada, com mão contrária, indo em direção ao Go Ape. Não vou explicar o que é agora, vocês terão de ver as fotos (ou o site http://goape.co.uk/)
    Chegamos a Aberfoyle e fizemos o tal Go Ape. O medo inicial tomava conta dos participantes (exceto um, o Hélio, que não via a hora de se atirar nas tirolesas), mas como já estávamos por lá mesmo, o jeito foi se atirar também. No fim das contas, foi muito massa e divertido. Pegamos o carro e voltamos para Stirling, onde íamos passar a noite. Sem antes ir a um Pub, é claro. Presenciamos uma demonstração do espírito de cordialidade que os escoceses têm para com seus amigos, ao ver dois amigos querendo quebrar garrafas na cabeça um do outro e fomos para dormir, pois o dia seguinte seria massacrante.
    As opções eram: escalar o pico mais alto do Reino Unido (Ben Nevis) através de uma caminhada de cerca de 4 horas pra ir e 4 horas pra voltar, ou dirigir até Inverness para ver o Lago Ness e dirigir através das Highlands. É óbvio que ficar sentado dentro do carro, no quentinho, ouvindo música e conversando ganhou a disputa. Pegamos o possante e nos largamos. A escolha foi excelente, como podem ver pelas fotos. Parece a subida da serra de Caxias, mas é na Escócia, com uma paisagem mais bonita, morros mais bonitos e mais altos, neve, pinheiros, lagos, e estrada com mão contrária. Ok, é muito mais bonito do que a serra de Caxias. Talvez então como a subida pra Cascata, lá no Monte Bonito, em Pelotas.
    Se o GPS da Nokia não era tão confiável no centro de Edimburgo, não foi diferente nas terras remotas do norte escocês. Ou então os operadores do GPS é que eram tapados. Mas umas 4 horas depois chegamos até a cidade de Fort Williams, almoçamos, paramos no pé do tal Ben Nevis, tiramos fotos, molhamos os pés e as câmeras, voltamos pro carro e fomos pra Inverness. Mais umas 2 horas e estávamos em Inverness. Olhem no mapa e tenham ideia de o quanto andamos. É claro que, à hora em que chegamos (eram umas 17h), não tinham mais passeios pelo Lago, o que forçou o nosso amigo Hélio a tentar convencer o motorista do bote a fazer uma última viagem. Precisávamos de mais 5 pessoas e, ao que parece, lá pela Escócia também não é muito difícil de se encontrar indianos fazendo turismo. Cinco indianos e 13 Libras mais tarde e estávamos no bote pra fazer um giro de 30 minutos pelo Lago Ness. Muito bom também, apesar do vento polar no rosto, mas definitivamente valeu a pena. Como era de se esperar, algumas piadinhas sobre o monstro (que na verdade é a monstra), algumas piadinhas do motorista do barco, algumas curvas de tirar um 'uhull' de alguns e terminou o passeio. Muito bom mesmo.
    Na volta, depois de notar o quanto os escoceses levam a serio a expressão 'to take away' quando o assunto é café ou chá (a moça simplesmente não nos deixou sentar nas cadeiras, porque pedimos café e chá 'pra levar' e não 'pra tomar aqui'), pegamos o carro e voltamos (ou tentamos voltar) para Edimburgo. Uma viagem normal, com um carro normal, com pessoas normais que sabem o caminho ou, no mínimo sabem entender um GPS, levaria de 2 a 3 horas, mas uma viagem conosco, com o nosso conhecimento amplo e irrestrito da malha rodoviária escocesa e a notável capacidade de entender um GPS ou, no mínimo de dar a mínima para estar perdido, levou umas 5 horas. O que de certa forma foi muito bom, pois aprendemos, desenvolvemos e melhoramos regras de joguinhos para se jogar no carro durante viagens longas e entediantes. Tudo ao som, é claro, de um excelente disco com mais excelentes ainda exemplares de músicas folclóricas escocesas que somente o Erich seria capaz de nos proporcionar.
    De volta a Edimburgo, mais uma maratona de 40 minutos para achar algo pra comer depois das 22h, fomos para o albergue desmaiar. Não é que fosse ruim o albergue, mas quando se tem que trocar de chuveiro na metade do banho porque a água não esquenta mais e não se consegue dormir sossegadamente porque as camas foram as mesmas usadas pelo exército britânico no início do século quando da ocorrência da Primeira Guerra Mundial, para alojar os prisioneiros de guerra, daí fica difícil. É claro que ter sido acordado às 6 da manhã por três alemães de cueca se arrumando para sair não contribuiu em nada para a qualidade do sono e/ou o humor do dia seguinte.
    Na segunda fizemos mais um breve passeio pela cidade, tiramos mais algumas fotos, visitamos o café onde a escritora do Harry Potter começou a escrever seus livros (e enriquecer de forma desenfreada) e almoçamos no restaurante do Frankenstein. Na verdade era uma igreja antiga reformada como restaurante, o que foi mais legal ainda. Terminamos o almoço e fomos para o aeroporto (sem antes, é claro, se perder um pouco por conta da imprecisão do GPS). Chegamos sãos e salvos em Colônia, felizes por estarmos de volta a um país onde não entendemos nada do que está escrito nas placas e propagandas e pegamos o trem pra casa. Cerca de 0:30 já estávamos em casa, prestes a desmaiar mais uma vez e se preparar para a próxima.

Obs.:
- Não compramos nenhum kilt.
- Não compramos gaita de fole.
- Tem mais whiskey sob forma de amostra grátis na Escócia do que de sopa ou suco no Nacional, no Brasil.
- Tem garrafas de Whisey por até 7500 Libras (20.000 reais).
- Dá pra comprar Pitu ou Velho Barreiro em lojas de bebidas, por 15 Libras cada (40 Reais).
- É mais difícil se manter vivo, na condição de pedestre, por lá, porque olhamos sempre primeiro para a esquerda antes de atravessar, e lá se deve olhar pra direita antes.
- Música folclórica escocesa não é feita apenas de gaita de fole. É muito pior que isso. Muito pior mesmo. Mil vezes pior. Dez mil vezes pior. Mas ainda acho que é melhor do que a alemã.
- Bejos e abraços









































domingo, 10 de abril de 2011

Freitag: Fisch Tag

    A atualização de posts do presente blog segue uma relação diretamente proporcional à quantidade de notícias relevantes daqui dessas bandas e inversamente proporcional à preguiça destes ilustres blogueiros. Já dá pra ver que não aconteceu muita coisa relevante por aqui na última semana, eque provavelmente foi por excesso de preguiça. Fato este que nos incentivou a levar nossos dotes culinários a novos patamares. 'Freitag ist Fisch Tag' foi a desculpa perfeita para finalmente fazermos comida japonesa. Ou pelo menos tentarmos.
    A parte do salmão cru foi a mais fácil. Comprar, descongelar, fatiar, molhar no shoyu e mandar brasa. Excelente. A parte do arroz foi mais complexa. É mais demorado fazer arroz japonês do que cozinhar feijão. Sem contar que ele fica tão grudento que o manuseio é um exercício de paciência tipicamente asiático. A parte de enrolar o arroz na alga com pedaços de salmão dentro foi a mais divertida. Já a parte de fazer o cone (Temaki), foi a mais catastrófica. Quase pedimos ajuda pro vizinho chinês. Sabe como é, chinês, japonês, coreano... é tudo igual. A parte do vinho foi a mais fácil.
    No fim das contas, o resultado foi excelente. Repetiremos várias vezes, tanto por causa da diversão como por causa da economia. Comida japonesa, a exemplo do Brasil e ao contrário do Japão, é bem cara por aqui. O vinho italiano, ainda bem, é muito barato.






domingo, 3 de abril de 2011

Madrid

    Madrid: tudo começou com um avião atrasado, um trem, outro trem, outro trem e albergue. Chegamos à uma da manhã e, no começo achamos que seria a pior indiada da história, afinal não é nada amigável se caminhar a esta hora pelo centro de uma cidade grande com malas e a maior cara de turista estampada no rosto. Chegando no albergue, reforçamos a sensação de indiada, pois era um prédio muito velho e com a menor cara de 'empreendimento licenciado'. Mas ao adentrar, nos impressionamos. Ok, o atendente parecia meio estranho, mas nos deu um quarto duplo, com nosso próprio banheiro (luxo), toalhas e até uma televisão de LCD. Pra um albergue é excelente até demais.
    Dia seguinte, fomos ao Palácio Real, catedral, praça Mayor, Mercado de San Martín, Praça Puerto del Sol, Museu del Prado. Comemos salmão, tomamos vinho, compramos souvenirs, caminhamos, caminhamos e caminhamos. A bota da Ana kaputt. Barcelona é muito bonita e interessante, mas tanto eu como a Ana preferimos Madrid. Ah, e a história da sesta das 14:00 às 17:00 deveria ser lei no mundo inteiro. Nada como poder tomar uma cerveja ou vinho no almoço, em dia de semana, sabendo que se vai pra casa dar uma descansada para só depois voltar ao trabalho.
    Último dia, voltamos ao Mercado San Martín, almoçamos na Praça Mayor e fomos pro aeroporto. Ryanair, e estávamos de volta em solo germânico.
    Que saudade que tínhamos de estar em um lugar onde não entendíamos o que estava escrito em nenhuma placa. O aeroporto que descemos (Weeze) é em uma cidade minúscula que só vive do aeroporto, na divisa com a Holanda. Chegar em um local desses em uma sexta às 23:00 não é lá muito interessante. Queríamos voltar pra Essen de trem, mas não tinha mais. Então tivemos que voltar com o 'Shuttle' do aeroporto, que saía só as 0:00. Tomamos uma cerveja e fomos para a parada. Era uma van de 8 lugares para 20 pessoas, o que significa que o motorista teve que chamar reforço. Vinte minutos depois e a outra van chegou. Só que duas vans de 8 lugares não são suficientes para 20 pessoas, o que nos forçou a apertar para caber 10 em cada van e o resto foi de taxi. Organização nada alemã (holandesa, talvez).
    Uma hora depois e estávamos sãos e salvos em casa, cansados. Próximo post: Ikea e supermercado.